Hora de Oração

10 05 2013

de Augusto Gotardelo

Gosto muito de orar ao meio-dia,
de erguer as mãos carentes para o céu,
como os ponteiros retos do relógio,
como se unidos em secreta prece.
O sol a pino, as pontas para cima,
e minhas mãos voltadas para o Alto,
tudo à espera da força que as revigoram.

Depois dos dois se afastam pouco a pouco,
e o mesmo fazem as minhas mãos cansadas.
Tudo volta às labutas costumadas,
para a arena dos prêmios cotidianos.

Transcorridas as vinte e quatro horas,
o mesmo encontro ali, a mesma pausa,
à procura das bênçãos do Infinito.

Os ponteiros não têm aquele encontro,
detêm-se noutro ponto da jornada,
se alguém esquece a corda do relógio…
As mãos que se aproximam para orar
podem ficar no meio do caminho
se lhes falta também outra energia,
aquela que promana das Alturas.

Que juízo se faz de dois ponteiros
parados na amplidão de um mostrador
semelhante a um deserto silencioso?

Que se dirá de minhas mãos caídas,
desunidas, em busca doutros rumos,
num painel sem mensagem nem sentido?

Antes que parem sobre um peito frio,
que juntas as mãos no sol, no zênite,
como ponteiros de um relógio antigo…
e assim ativas, vigilantes, úteis,
serão ponteiros a marcar as horas
de gratidão e paz, de culto ao Pai,
no mostrador de minha fé tão simples…





Não podemos…

7 05 2013

(revista Visão Missionária 2T87)

Não podemos controlar o número dos nossos dias
Mas podemos controlar o aproveitamento deles.

Não podemos controlar a fisionomia do nosso rosto,
Mas podemos controlar suas expressões.

Não podemos controlar as oportunidades de outrem,
Mas podemos aproveitar nossas próprias oportunidades.

Não podemos controlar as falhas desagradáveis de outrem,
Mas podemos procurar não fazer as mesmas.

Não podemos controlar o relacionamento com Deus de outrem,
Mas podemos ter a certeza da nossa própria salvação e dedicação a Ele.





Vende-se Tempo

7 05 2013

(revista Visão Missionária 2T87)

No meu sonho deparei-me com um belo edifício, semelhante a um banco; mas não era um banco porque ostentava uma placa de metal em que se lia: Vende-se Tempo.

Logo vi um homem pálido e ofegante, que se arrastava pela escada, como se estivesse muito doente. Ouvi-o dizer: “O médico me disse que, se eu o tivesse procurado há cinco anos, poderia ficar bom. Quero comprar esses cinco anos para que ele me possa salvar a vida”.

Em seguida veio outro, mais velho, que disse al caixeiro: “Tarde demais, descobri que Deus me deu talentos que eu não procurei desenvolver. Venda-me dez anos para que eu possa tornar-me o homem que deveria ter sido”.

Em seguida aparecue um jovem que disse: “A firma em que trabalho comunicou-me que, a partir do mês vindouro, poderei ser promovido a uma posição muito vantajosa se tiver o preparo necessário. Venda-me dois anos para que eu possa habilitar-me a essa posição”.

E assim vieram todos, doentes, infelizes, preocupados – e partiram felizes, cada um com um ar de indizível alegria, pois levava aquilo de que tão desesperadamente precisava – TEMPO.

Nesse ponto eu acordei, alegre por ter o que aqueles homens não tinham e que nunca poderiam comprar – TEMPO. E naquela manhã, se eu assobiava no trabalho, era porque uma grande ventura enchia meu coração. Porque eu ainda tinha tempo.





Oração da Terceira Idade

6 05 2013

Senhor! Ensina-me a envelhecer.

Convença-me de que a comunidade não faz nenhum agravo se me vai ‘exonerando’ das responsabilidades, se não solicita mais a minha opinião, se escolhe outros para ocuparem o meu lugar.

Despoja-me do orgulho da experiência acumulada e da viadade de me julgar insubstituível.

Que eu saiba ver, no gradativo desprendimento das coisas, a lei do tempoç que eu descubra, nesta transferência de encargos, uma das palpitantes expressões da vida que se renova, sob o impulso da Tua providência.

Faze, Senhor, que eu consiga ser ainda útil neste terra, contribuindo com o otimismo e com a oração para a alegria e a coragem de quem recebe o turno das responsabilidades; que eu viva sem perder o contato humilde e sereno com o mundo em transformação; que eu não lamente o passado, mas saiba fazer de meus sofrimentos pessoais um dom de reparação social.

Senhor, faze que meu afastamento do campo de trabalho seja tão simples e natural como um sereno e feliz pôr-do-sol.

Amém.





Sua marca em mim

5 05 2011

Poesia de Myrtes Mathias

Que bom descobrir, Senhor,
que esta cicatriz é Tua marca em mim.
Depois de tantos anos de amargura,
finalmente, posso agradecer-Te
por me teres feito exatamente assim.

Por ter sido formada
fora dos padrões que o mundo aprova
tive que abrir com esforço o meu caminho:
como uma planta que nasce entre pedras,
ou semente que cai entre espinhos.

Como a ostra faz com a sua ferida,
darei à minha vida
uma nova significação:
não podendo ser mensagem para
os olhos do próximo
falar-lhe-ei diretamente ao coração.

E o farei como de irmão pra irmão
a todos àqueles que é infeliz:
– Compreendo tua desilusão,
eu também tenho a minha cicatriz.

Também vaguei pela estrada da vida
para o meu problema procurando um fim;
até descobrir que o que me atormentava
era a marca de propriedade
que Deus havia colocado em mim.

Por isso quero que digas comigo
Aquela quase impossível oração:
– Obrigada, Senhor, pelas minhas fraquezas,
por tudo aquilo que me faz sofrer.
Transforma numa bênção o meu problema,
da minha tragédia tira um poema:
dá-me a graça de reconhecer
que sou apenas parte de um plano
ao qual eu devo me submeter.





Dever do Dia

5 05 2011

Para de lutar, queixar, acusar,
buscar razões, soluções,
em mil caminhos
que vão chegar ao nada,
como uma porta fechada
ao fim do corredor de cada tentativa.
Pára de buscar alternativas,
procurar explicações.
“Deixa o assunto com o Pai”,
que tem a força e a sabedoria
e confiante vai
fazer o teu “dever do dia”.
Levanta os olhos até onde
o olhar alcança
e vê quanta falta de paz e esperança:
campo branco a esperar por ti.
Começa por aqui. Ao teu redor
há um mundo de oportunidades
para exercer o amor.
Mas, se nem mesmo consegues te mover,
lembra que Deus habita no louvor:
pede, então, que derrame
em teu coração a sua alegria
que nossa força é:
e pela fé, aí mesmo
– onde só Deus é tua Companhia –
canta essa Alegria!
Esse pode ser
o teu dever do dia!
– …amanhã?
– “Deixa o negócio com o Pai”!

(extraído)





Louvor

7 01 2010

Poesia de Sonia D. Tikerpe

Senhor, a Ti me achego,
não para suplicar,
mas humildemente
Te ofertar
todo o meu louvor,
toda a minha adoração!
Reconheço, Senhor,
a minha imperfeição.
Sei, porém, que me aceitarás,
pois olhas para o coração,
e este, Senhor, é todo Teu,
que procura a perfeição!
Louvo-Te pelo que és:
Rei dos reis, Senhor dos senhores,
Deus onipotente, onisciente, onipresente!
Tudo podes, és o dono do universo.
Tudo sabes, conheces o íntimo do meu ser,
toda a minha inclinação.
Louvo-Te porque sempre ao meu lado estás,
louvo-Te pela excelência da Tua palavra,
que aponta o caminho,
conforta quando triste estou
e socorre na difícil situação.
Por tudo isto, Senhor,
e por muito mais,
aceita o meu louvor,
a minha adoração!





De mãos postas

17 11 2009

Poesia de Marilia Pozzoli
Voz Missionária 4T76

Junta tuas mãos
e ora comigo, irmão,
contritamente:
‘Pai nosso que estás no céu,
santificado seja o Teu nome,
venha a nós a Tua Paz!’
Paz, para o nosso trabalho cotidiano.
Paz, para a meditação dos velhos.
Paz, para a alegria do amor da juventude.
Paz, para que não chegue aos ouvidos
inocentes das crianças o ribombo
soturno dos canhões.
Paz, para a mãe que embala o berço,
fazendo da canção de ninar a sua prece.
Paz, para que o operário que acelera
o progresso possa, no fim do dia,
esquecendo a canseira
beijar o filhinho, sorrir à esposa.
Paz, para que possamos,
no silêncio dos templos,
louvar o Teu nome.
Amém.





Dez regras para o viver diário

29 10 2009

Texto
Visão Missionária 1T89

1. Considera o teu corpo como o templo do Espírito Santo e trata-o com reverência e cuidado.
2. Conserva tua mente ativa. Estimula-a com pensamentos de outros, que te levm a fazer alguma coisa.
3. Toma tempo para ser santo, com leitura bíblica e oração diárias.
4. Auxilia a igreja de tua fé. Junta-te a outros em teu culto.
5. Cultiva a presença de Deus.
6. Leva Deus contigo nos detalhes de tua vida. Naturalmente tu o chamas nas dificuldades e nas coisas maiores.
7. Ora por este mundo confuso e abalao, e pelos líderes que regem os destinos das várias nações.
8. Tem um espírito grato pelas numerosas bênçãos de Deus, tais como pais, lar e amigos.
9. Trabalha como se tudo dependesse do trabalho, e ora como se tudo dependesse da oração.
10. Pensa na morte, não como algo tenebroso, mas como uma grande e nova experiência onde os entres queridos são encontrados e onde as ambições são realizadas.





Coisas quebradas para a Glória de Deus

29 10 2009

Poesia de Myrthes Mathias
Visão Missionária 1T89

Última páscoa,
primeira ceia,
fim de um preceito.
Princípio do grande fim.
A sombra do Calvário projeta-se
sobre a mesa,
a dolorosa ascensão em luar dos homens.
E por isso o Homem-Deus,
o Eterno que vai morrer,
toma o pão, parte-o e distribui
entre aqueles que ama,
pelos quais dará a vida:
“Tomai, isto é o meu corpo
oferecido por vós.”
Já no passado muitas coisas foram partidas
para o bem do mundo
e glória deste mesmo Deus
que agora se entrega em holocausto:
O muro de Jericó feito em pedaços
abriu a Josué o caminho da terra prometida.
Os cântaros partidos de Gideão
permitiram ao povo santo vencer os inimigos
e cultuar Seu Deus.
Bem mais tarde um vaso de alabastro
foi quebrado para que seu perfume
preparasse um Deus para morrer.
Quando as redes se romperam,
os discípulos descobriram o poder
daqueles que seguiam,
a eficácia de seus estranhos métodos,
mandando lançar a rede em alto mar,
quando nada haviam apanhado
durante a longa noite de vigília,
trbalho e decepção.
Coisas pequenas, quebradas, sem valor,
transformadas pelo amor que me dá forças
para pedir também:
quebranta-me, transforma-me, liberta-me
dos métodos que tenho seguido sem resultados,
dos princípios que julguei certos
e não vieram de Ti;
sou apenas argila em Tuas mãos,
benditas mãos que em sua última noite
quebraram o pão:
“Isto é o meu corpo oferecido por vós.”
Quero quebrantar-me também em Teu trabalho
como as redes que se partiram para a grande pesca,
como o vaso de alabastro para ungir Teus pés,
como os cântaros do passado diante de Teus inimigos
para que vejam a luz
e Te glorifiquem,
bendito Deus, que estás nos céus.